Jaguarunense Padre Manoel Odorico Fernandes completou 60 anos de sacerdócio

Nesta sexta-feira, 1º de dezembro, o padre Manoel Odorico Fernandes  completou  60 anos de sacerdócio. O jubileu será comemorado com seus paroquianos,  Padre Maneca, como é chamado na Paróquia Nossa Senhora da Salete, em Criciúma, celebrará missa no dia 1º, às 20h, na igreja matriz, no bairro Próspera.

“Os primeiros sinais fui sentindo quando criança e se acentuaram quando fui coroinha e ficava na casa paroquial para fazer as ‘voltas’, os trabalhos para a casa e para meu vigário, que era o padre Pedro Ulrich. Em contato com ele, foi crescendo esse desejo de seguir a vocação sacerdotal”, recorda padre Manoel

Natural de Jaguaruna, onde a padroeira da paróquia é Nossa Senhora das Dores, o presbítero nasceu em 08 de agosto de 1931, nono filho dos 14 gerados pelo casal Odorico João Francisco e Maria Idalina Francisco. Aos 13 anos de idade, foi motivado por padre Ulrich a ingressar no Seminário em São Ludgero. Depois seguiu para o Seminário de Brusque (1946-1950) e para o Rio Grande do Sul, onde cursou Filosofia e Teologia, em São Leopoldo (1951-1956) e Viamão (1957). Na Catedral de Tubarão, foi ordenado padre em 1º de dezembro de 1957, junto aos colegas Silvestre Junkes, Bertilo Schmidt, Antonio Herdt, Francisco Marini e Izidoro Ghislandi, os últimos quatro já falecidos.

 Seu lema escolhido de ordenação sacerdotal foi: “Senhor, que as almas te encontrem no meu sacerdócio”. “O que se pede a Deus é que todas as pessoas que, de alguma maneira se aproximam da gente, encontrem muito mais a Jesus Cristo. Que se possa apontar, como João Batista: ‘Eis o Cordeiro de Deus’; indicar que as pessoas devem seguir o Mestre e não propriamente o padre. O padre deve ser um indicador, onde está Ele, está o Cristo”, pontua.

Logo após a ordenação, padre Manoel veio para Criciúma. “Estive três anos e oito meses na Paróquia São José. Dali foi criada esta paróquia (Próspera), em 20 de agosto de 1961. Vim para cá, como pároco. Aqui era capela e eu era ajudante do padre Estanislau Ciseski. Era um dia de trovoada. Dessas trovoadas de agosto, geralmente de manhã cedo, mas ela continuou. Os caminhões da Carbonífera Próspera foram até a Catedral. Chegaram lá buzinando, por volta das nove horas da manhã. O padre Estanislau e eu viemos num Aero Willys, carro de Gracioso Furlanetto, que era taxista do ponto ao lado da matriz. Como ele tinha aquele veículo, se ofereceu para nos trazer e viemos embarcados até ali perto da Praça da Chaminé. Estavam calçando esta rua, e dali viemos a pé, ao som da Banda Filho do Mineiro. A subida desta ladeira não era calçada e estava cheia de lama. Estava muito difícil para a gente subir e no meio da subida escorreguei. Uma pessoa disse: ‘Padre, vamos nos abraçar, porque aí é mais fácil’, e de fato nos demos os braços e conseguimos subir. Quando cheguei à frente da igreja, padre Paulo Petrucelli limpou os sapatos então cheios de barro. Naquela subida, também havia uma pessoa perto do batistério, que disse: ‘Padre Manoel, com chuva é bom, porque pega bem!’ E ela profetizou mesmo, pegou!”, recorda, aos risos. “Celebramos aquela tomada de posse com chuva e tudo, e repito: O que levou adiante foi sempre o povo evangelizando, o povo colaborando, participando e fazendo a sua história. Está fazendo até hoje e vai continuar a fazer, porque nós passamos, mas a Igreja de Deus fica!”, acrescenta.

 Padre Manoel relata que, quando tomou posse, lembrou muito bem das orientações dadas por padre Estanislau e pelo seminário. “Que a gente sempre procurasse ter a maioria da população ao lado dos paroquianos e que, para isso, a gente delegasse funções para que eles participassem. Nossa missão como sacerdotes era de pregar às multidões, mas especialmente, cuidar da formação das lideranças, para que elas pudessem realizar o trabalho no meio do povo”.

Assim, conforme o padre, a Legião de Maria foi a primeira a ser fundada na Paróquia. “Em torno do estudo bíblico e do trabalho da Legião de Maria, que é de visitar as famílias, começamos o apostolado e graças a Deus, floresceu!”. Segundo ele, a perseverança transformou-se em alegria, com o Reino de Deus se realizando através de pequenas funções e trabalhos pastorais feitos com regularidade. “E procurando estar sempre aberto ao novo, porque quando nos fechamos num trabalho, pensando que somos os melhores, por nada nos tornamos sinal de morte. Não somos mais sinal de vida, porque nos fechamos ao parecer e à opinião dos outros, absolutizamos o que fazemos; quando abertos, sempre podemos aperfeiçoar o que estamos fazendo”, garante o padre, na sabedoria de seus 86 anos de idade.

 Ainda de acordo com Padre Maneca, sua relação com o povo de Deus tornou-se relativamente fácil, quando de sua chegada, visto que na Próspera já havia as Pequenas Irmãs da Divina Providência, que trabalhavam no Serviço Social do SESI. “Elas implantaram uma base muito boa. As famílias tinham muita confiança nessas irmãs e isso favoreceu o apostolado. Eu, aqui chegando, procurei ligar-me muito às crianças. Naquela época, as famílias eram numerosas. A gente saía a benzer as casas e a criançada toda acompanhava. Também gostavam muito de santinhos e com isso criou-se uma familiaridade. Conseguindo a amizade com as crianças, a amizade com as famílias, com os pais era mera consequência”, conta padre Manoel sobre os primórdios da paróquia que, na época, concentrava seus paroquianos nos arredores da igreja, onde só existiam os bairros Próspera e Nossa Senhora da Salete, antes chamado de Sete.

Uma das realizações de padre Manoel é estar junto de seus paroquianos. “Eu caracterizo a Próspera como um lugar de pessoas muito solidárias; um pessoal muito bom para se tratar e que acolhe qualquer pedido da gente. Se a gente faz uma conclamação, estão todos prontos para colaborar. A Próspera é uma grande família. Sinto-me feliz quando posso ouvir esse povo e procuro, de alguma maneira, apontar caminhos, colocar indicadores para as pessoas terem uma vida mais liberta, saudável e feliz, sempre colocando a Palavra de Deus como marco de iluminação, porque a Bíblia, em si, não traz respostas prontas, mas à luz da Palavra buscar aquilo que se deseja”, afirma o padre, que durante todos esses anos se esmera no atendimento de confissões e orientações aos paroquianos.

“O importante é que nesses quase 54 anos de sacerdócio, consegui perseverar, com acertos e desacertos, defeitos e virtudes, e com a vontade de continuar servindo. O que dá muita alegria principalmente neste tempo, em que já se está com uma idade avançada, é participar de uma celebração eucarística vendo o povo cantar e rezar com aquela unção que lhe é própria. Isso dá uma alegria muito grande, pois dá um quê de mistério, de que o Senhor realmente está ali presente, o que me alegra muito e preenche ainda mais a vida da gente”, observa.

(Foto Dagostin)

Fonte -Diocese de Criciúma

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